Mercado Mundo Mix ressurge e será lançado em Campinas

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Empreendedor. Essa é a palavra que melhor define Beto Lago, empresário paulistano que, em 2003, saiu do País no auge do sucesso profissional para recomeçar em Lisboa, como um desconhecido. Fez história do outro lado do Atlântico e comemora o fato de grande parte dos portugueses conhecer seu maior projeto, o Mercado Mundo Mix. Há 17 anos, Lago inaugurava em São Paulo a feira que virou símbolo das tribos urbanas e lançou nomes que representam a moda brasileira mundo afora – Chiili Beans, Alexandre Herchcovitch, Walério Araújo e Marcelo Sommer estão entre eles. De volta ao Brasil, apaixonou-se por Campinas, lugar escolhido para ser a base de sua retomada no País. “A cidade me lembra Lisboa por ser relativamente calma. Aqui tem qualidade de vida”, avalia ele, que do município comandará vários projetos, alguns em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura.

Como foi a decisão de criar o Mercado Mundo Mix?

Sempre quis trabalhar com o que eu realmente gostava. Não estava feliz com o emprego e decidi que era hora de tomar as rédeas profissionais da minha vida. Queria algo que fosse uma semente da economia produtiva no Brasil e aí pensei em uma proposta que catalisasse o comportamento jovem urbano e reunisse moda, design, artes plásticas e música. Fui em busca de pessoas e locais que estavam fora do sistema. A ideia era ter a moda, a arte e o comportamento das ruas num mesmo lugar. Assim nasceu o Mercado Mundo Mix, em dezembro de 1994.

Você lançou vários nomes nas áreas de moda e cultura. Como é sua relação com essas pessoas hoje?

Sou amigo de muitos que participaram do Mercado Mundo Mix. Fico orgulhoso,por exemplo, quando o Caito Maia, dono da Chiili Beans, me reverencia em entrevistas. A marca começou no evento e hoje é sucesso no Brasil e no mundo. Também continuo amigo de Alexandre Herchcovitch e Walério Araújo, que estrearam na feira. Dj Mau Mau, bastante respeitado, também começou tocando no evento.

Por que você resolveu excursionar com o mercado?

Ele nasceu, principalmente, da vontade de descentralizar a criatividade que estava concentrada nas grandes cidades. Por isso, mesmo a feira de São Paulo estando no auge, decidimos levá-la a outros lugares. Fui muito criticado, me chamaram de louco. Perguntavam-me por que iria me arriscar em municípios como Santos e Belo Horizonte se tinha sucesso na Capital paulista. A resposta era o propósito da feira: a descentralização.

Como Campinas foi incluída nessa rota?

Fizemos uma avaliação do público. Queríamos saber de onde vinham as pessoas e vimos que muitos campineiros frequentavam a feira em São Paulo. Em 2007, decidimos realizar o evento em Campinas, no galpão da Forbrasa, e foi um tremendo sucesso. Voltamos várias vezes.

A feira terminou em 2003. Por que?

Primeiro porque tínhamos o propósito de ser uma base de lançamento para os profissionais, dar visibilidade para eles poderem criar asas e voar. Isso daria oportunidade para outros mostrarem seus trabalhos e seguirem o mesmo rumo. Porém, alguns expositores pensaram que apenas participar da feira era o suficiente e ficaram estagnados. Esse não era nosso propósito. Comecei a me perguntar se o Mercado Mundo Mix era, realmente, um projeto relevante. Tive uma série de dúvidas. Em 2003, fui convidado pela Portugal Telecom para levar uma edição do evento a Lisboa. Naquela época, o governo português buscava um projeto que falasse com o jovem, mas que não fosse óbvio como um festival de rock ou um show de alguma banda. Decidi ir para uma edição e já foram realizadas 25. Até Acabei me mudando para Lisboa.

Como foi começar do zero no Exterior?

Foi engraçado, porque saí do Brasil sendo considerado o “rei do underground” e cheguei em Lisboa como um completo desconhecido. Percorri o mesmo caminho que fiz no Brasil. Peguei minha pastinha, pus debaixo do braço e fui em busca de criadores. Hoje, a marca Mercado Mundo Mix é muito forte em Portugal. Mais de 400 mil pessoas passaram pelas 25 edições, e a resposta do público foi tão boa que também há feiras em Cascais, no Porto e no Algarve.

Depois de tanta repercussão na Europa, por que voltar ao Brasil?

Tudo começou com convites para promover o Mercado Mundo Mix em eventos. Participei da Virada Cultural Paulista, do Festival Planeta Terra e do Festival de Verão de Salvador. A Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo interessou-se pela iniciativa e fui chamado pelo secretário Andrea Matarazzo para uma reunião. Ele disse que apoiará a feira, que ganhará novo formato. Não teremos mais uma base fixa, como era São Paulo. Será um projeto itinerante, que, apoiado pelo governo, percorrerá as cidades do Interior. Campinas será a primeira a sediar esse novo formato.

E que formato terá o novo Mercado Mundo Mix?

As pessoas que guardaram na mente aquela ideia de uma feira muito louca podem se decepcionar. Aquele modelo ficou no passado, nos anos 90. Teremos mais conteúdo e menos festa. O que antes era drag queen, hoje é cosplay. O que era música eletrônica, hoje é rock. O evento cresceu, atualizou-se. Hoje, apoiamos criadores que fazem moda de maneira sustentável, porque estamos preocupados com o meio ambiente, mas tecnologia e cultura também têm espaço.

E quando a feira deve chegar a Campinas?

Atualmente, estou em busca de um local. Quero um lugar diferente, inovador,mas farei uma edição especial. Fechei parceria com Renata Patrone e participarei do Campinas Mostra Moda, que deve acontecer em setembro ou outubro.

Que outros projetos desenvolverá por aqui?

Acabo de inaugurar a Sonique, casa noturna de São Paulo que resolvi trazer também para Campinas. Costumo dizer que somos um concierge bar, porque temos flyers e divulgamos todas as baladas da cidade. Nossa intenção não é concorrer com outros estabelecimentos. A Sonique tem um conceito de warm up (aquecimento) e atende o nicho após o jantar e antes de as baladas abrirem. Muita gente que sai para jantar e quer dar uma esticada acaba não tendo para onde ir. Funcionamos entre 22h e 2h. Esse conceito deu tão certo que já tenho convites para abrir unidades em Istambul e Miami.

Você está fixando residência em Campinas. O que te trouxe para a cidade?

Quando resolvi voltar ao Brasil, não queria mais viver em uma cidade como São Paulo. Campinas me lembra Lisboa por ser uma cidade relativamente calma, onde não tem congestionamento. Aqui tem qualidade de vida e isso pesou na decisão. Já aluguei um apartamento e estou em fase de mudança. Outros pontos que me fizeram vir para cá são a proximidade com São Paulo e o aeroporto, que voltou a ser internacional, o que para mim é ótimo, pois quando vou para Portugal, saio de Viracopos.
Texto de Eduardo Gregori, publicado na revista Metrópole, do Correio Popular, em 24/07/2011
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