Novo perfil do consumidor brasileiro

Senior men exercising in gym
A mudança demográfica no Brasil e a recente conquista da estabilidade econômica trouxe a tona um novo perfil de consumidor. A população mais madura cresceu significativamente, o número de filhos por casal diminuiu, mulheres mais bem preparadas invadiram no mercado de trabalho, mais gente está morando sozinha, mais casais optam por não filhos, mais gente entrou para a Classe C. Consequentemente temos um novo público consumindo e novas necessidades que o mercado não está preparado, como, por exemplo, alimentos comercializados em menores porções para solteiros e famílias pequenas, atividades de lazer e culturais para casais sem filhos ou hotéis aptos a receber o público da terceira idade.
Aliás, e a sua loja ou confecção como tem se preparado? Como sabemos, segundo as teorias motivacionais de comportamento do consumidor, quanto mais dinheiro tem-se no bolso, mais apto e disposto se está a gastar com produtos considerados de segunda necessidade, como é o caso da moda.
Na edição de setembro da revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios (PEGN) foi publicada uma reportagem esplêndida sobre os perfis dos novos consumidores brasileiros. Ainda é um mercado em desenvolvimento, pronto para novos empreendedores. Apresento, a seguir, os 6 novos perfis de grande utilidade para nós, profissionais da moda.
1. Novos velhos: A população com mais de 60 anos representa cerca de 10% dos brasileiros hoje, ou 19 milhões de pessoas. E vem crescente a taxas maiores do que a da população total – uma consequência da queda da taxa de fecundidade e do aumento da esperança de vida ao nascer. Mas, além de numerosos, eles têm dinheiro para gastar. Com saúde, tempo livre, casa própria e filhos criados eles tem outras preocupações com o que gastar. Os idosos fazem cada vez mais viagens, comem em restaurantes e usam a internet. É importante compreender que mesmo entre os idosos há uma segmentação. A terceira idade é mais saudável e busca atividades físicas e roupas esportivas e a quarta idade demanda mais serviços de saúde.
2. Mulheres poderosas: se antes as mulheres paravam de trabalhar para se casar ou ter filhos, hoje conciliam tudo e só param quando se aposentam. No quesito estudo elas superam os homens, em 2007 já eram 57,1% dos universitários. Nas áreas urbanas elas têm, em média, um ano a mais de estudo que os homens. Ou seja, mais inseridas no mercado de trabalho, mais instruídas e com menos filhos, as mulheres estão cada vez mais independentes no seu consumo. Como as tarefas domésticas competem com o trabalho, estudos, filhos, lazer e beleza, elas desejam terceirizar funções e otimizar seu tempo, com isso crescem os serviços de domésticas, consultores de imagem e demais sérvios express personalizados.
3. Sozinhos, não solitários: a proporção de arranjos familiares unipessoais passou de 7,3% do total das famílias, em 1992, para 10,7%, em 2006, segundo dados do IBGE. Eles podem ser solteiros por opção, pessoas que ainda não casaram, viúvos e divorciados. Moram sós, mas não estão isolados – eles estão disponíveis para viagens, passeios, jantares e visitas de amigos e podem escolher no que gastar o seu excedente de renda. Esse é um público que se dá o direito do prazer, sem preocupação com filhos, esposa ou marido. Suas compras sempre são pensando em seu benefício próprio.
4. Casais com dinheiro: com a importância dada à formação acadêmica e a vida profissional e com o adiamento da decisão de ter filhos, surge um novo tipo de família: os casais dincs (do inglês double income, no children, algo como, dupla renda, nenhuma criança). Em números absolutos, os dincs cresceram quase 90% entre 1996 e 2006, passando de 1,065 milhão de casais para 2,009 milhões de casais. Segundo dados do IBGE os dincs são jovens e tem alto grau de instrução. Sem filhos investem em educação, vida social e o prazer. Tendem a concentrar seus gastos em bens de serviços focados no lazer e à decoração da casa, substituem os filhos pelos pets.
5. Crianças diferenciadas: com a queda na fecundidade, as famílias brasileiras estão se reduzindo. O Brasil é o país da América Latina com os menores lares – são 3,3 pessoas em cada um, em média. Ainda a presença de crianças pequenas caiu de 21% em 2004, para 19% em 2009. Com menos filhos em casa a tendência é que os país troquem quantidade por qualidade e concentrem um investimento maior em menos crianças.
6. Classe C sofisticada: quase metade da população brasileira faz parte da chamada classe C, que tem renda domiciliar entre R$1.115 e R$4.807, segundo dados da FGV. É um público que entra em massa no consumo de aulas de inglês, alimentos semiprontos e viagens. Além de uma busca cada vez maior para satisfazer desejos por tecnologia de ponta, roupas e acessórios que ofereçam status e serviços privados de saúde e educação de qualidade.
  
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9 COMENTÁRIOS

  1. Essa pesquisa da PEGN, só está reforçando aquilo que eu disse no curso de Campinas da Dora Costa, ainda não estou nessa faixa etária mas, foi o que estou fazendo. Isso tem muito a ver comigo; antes não dava para fazer esse curso por falta de tempo e dinheiro mas, agora sobrou um pouco das duas coisas, então chegou a oportunidade e eu tenho que aproveitar e assim contribuindo para a economia gerando mais empregos e me satisfazendo com aquilo que gosto.
    Lucia de Araujo

  2. Esses seis novos perfis são muito importantes para profissionais da moda, pois são esses consumidores que irão ditar o que deverá ser produzido.

    Como esses novos consumidores possuem mais dinheiro e estão focados em qualidade, eles passam a exigir cada vez mais do mercado, e é nesse quesito que o profissional da moda deve investir com inovação e qualidade em seus produtos, pois esses consumidores não irão se contentar com produtos comuns, de baixa qualidade e sem criatividade.

    Então, a aposta é compreender que esses novos consumidores não compram o que veem pela frente, mas são muito exigentes e são nesses detalhes de seus desejos que o mercado e os profissionais devem prestar atenção para conseguir vender seus produtos.

  3. Como o próprio texto ja diz, temos um novo perfil de consumidores, ansiosos por satisfazer suas necessidades, que nem sempre são necessidades surgidas em seu dia a dia, mas advindas da globalização; ou seja, com o acesso a internet, tv a cabo, tv no celular, facebook, twitter, o publico "necessita" do que vê. Dessa forma, além das mudanças no perfil do público, vem acontecendo também uma mudança nas necessidades, quanto mais tecnologia melhor, quanto mais experiencias melhor, quanto mais por dentro da moda mundial, melhor.

  4. Generalizando, a classe C vem se destacando em massa quando se falamos de qualidade e gastos em geral, quem é que não gosta de usar o melhor e ser visto com a melhor roupa ou saindo da melhor escola?
    Eu não acho que o Brasil esteja despreparado para encarar esse novo público , pois vimos em muitos lugares ambientes diferenciados , looks destinados a publicos que você fala assim: Esse eu posso comprar, podemos enchergar a grande diferenca que existe entre lugar e lugares …
    Eu só acho que hoje em dia o foco poderia outros valores, poderiamos comercializar produtos inteligentes, o que adianta o senhor de 60 anos praticar esportes e jovem que deveria estar fazendo a mesma coisa, se mata com coisas superfulas, o mundo digital e muito bom, mas como será que podemos reverter essa situacao, já que isso virou um vicio!?
    Na moda estamos bem situados , pois o que não falta para o brasileiro é criatividade, gosto da dicisão dos casais de se casarem e não terem filhos, ja que nada os impedem.
    O Brasil precisava evoluir e isso tem acontecido, penso eu, quanto mais energia colocamos em nosso foco para crescimento pessoal tudo fica concreto e facil.
    O que me chama muita a atencão é, como a mulher evoluiu, como eles estão se tornando mais independentes e vemos muitas por ai que moram só são responsáveis e conseguem organizar seu tempo, lembramos da época em a espécie femina era usadas apenas para a reproducão.
    Então vamos pensar no bem estar, mas com qualidade pois o que adianta esse público C crescer e a cabeca diminuir?

  5. O principal fator que faz os ricos terem menos filhos que os pobres é o de uma preocupação com o futuro, que faz com que os ricos o planejem de acordo com suas finanças para poder dar tudo e do melhor para seu filho, já os pobres como não possuem uma estabilidade no trabalho e na vida, não tem planejamento de seu futuro e número de filhos fica irrelevante. Assim com o crescimento de empregos e melhor qualidade de vida no Brasil, juntamente o número de filhos por casal foi diminuindo o que acarretou a alguns novos consumidores como as “Mulheres poderosas” que agora com menos filhos se dedicam mais ao trabalho e se tornam mais independentes com isso crescem os serviços de domésticas, consultores de imagem e demais sérvios Express personalizados. Outros consumidores são as “Crianças diferenciadas” onde o investimento nas crianças aumenta, pois a quantidade foi trocada pela qualidade.

    Esses novos consumidores como “Classe C sofisticada”, “Casais com dinheiro”, “Sozinhos, não solitários”, “Novos velhos”, “Mulheres poderosas” e “Crianças diferenciadas” são novos no Brasil, porém já existam em paises desenvolvidos como EUA e Japão, e abrirão portas para novos investimentos na moda e em diversos produtos que terão grandes fins lucrativos. E a tendência desse novo público (consumidores) é de aumentar proporcionalmente com a melhora da economia brasileira.

  6. Como vimos nessa reportagem as pessoas vem mudando a cada dia. E para agradar essas pessoas que estão mudando sua vidas , seus comportamentos e até sua classe social, o mercado esta abrindo vários nichos que até então não eram tão exigidos.
    As pessoas estão passando a ter um modo de vida muito diferente, querendo mais qualidade de vida, mais "mordomias" , viagens…enquanto por outro lado querem tercerizar afazeres domésticos.As familias estão menores e a espectativa de vida aumentando.
    Com tudo isso muda-se todo o quadro e assim vir coisas inovadoras para agradar essas pessoas.

  7. "Evitar itens que dêem trabalho para Novos consumidores"

    Que se liga no perfil dos novos consumidores, são pessoas que tem uma vida independente com pouco espaço para rotinas domesticas que "Não sabe cozinhar" ou não tem mesmo tempo, preferem coisas mais pratica.E o consumo de alimentos semiprontos que se destaca nesse perfil classe C , sofisticada.Assim o consumo de produtos que oferecem essa praticidade nao deixa de crescer muito.

  8. A matéria da revista mostra algumas mudanças pelas quais a sociedade está passando e que devem ser observadas por comerciantes, em geral. Isso inclui o mercado da moda pois, além das tendências relacionadas a cores e modelagens, temos que estar de olho nas necessidades das pessoas, até mesmo porque, muitas vezes, as tendências surgem de macro-tendências como a de ter menos filhos, por exemplo.
    Está aí a importância dos Cool Hunters e de ler sobre tudo um pouco e não somente o que está relacionado especificamente a moda.

  9. É interessante o novo perfil do consumidor onde esta sendo mais valorizado o bem-estar,o luxo e a qualidade do que a preocupação com casar-se,ter filhos e gastos com produtos de primeira necessidade,conforme perfil dos consumidores anteriormente.Podemos ver que com predominio da população jovem,bem como das mulheres(que estão cada vez mais independentes no seu consumo)e a ascensão da classe C (onde há uma busca por tecnologia de ponta,roupas e acessorios de melhor qualidade)eles se poupam mais para investir e consumir com aquilo que não é extremamente necessário.

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